1 de abril de 2010

Qual a sua Concepção de Educação?


Eu entendo a educação como um instrumento e um processo; além de conseguir dividi-la em outros dois grandes aspectos: institucional ou empírica. O progresso moral e intelectual, para mim, tem uma relação de dependência com a educação, pois eu acredito que não há habilidades ou conceitos pré-definidos (ou inatos) ao homem. Então, como se o nosso cérebro fosse uma esponja, a educação torna-se um elemento fundamental em qualquer sociedade, já que um de seus objetivos principais é de interação entre cidadãos. Entretanto, há várias maneiras de se educar, inclusive "erradas"; educações falaciosas como as religiões, em minha opinião, são como fungos que se alimentam da cognição e da espiritualidade humana, mesmo quando aparentam ser um alicerce para a harmonia social.

A educação enquanto instrumento engloba os atos de ensinar e aprender. Esses atos podem ser executados por instituições ou pelas vivências em sociedade. As instituições responsáveis pela educação (escolas, universidades, etc) apesar de válidas para a formação humana por ensinarem matérias como física ou matemática são decadentes, pois seguem o lema "formação para o mercado de trabalho". Com isso, não existe o telos (um fim em si mesmo) do conhecimento, fazendo com que a rotina educativa seja deturpada e alienante, apesar de válida. Já a educação empírica, ou seja, aquela produzida por uma visão do dia-a-dia, se dá de maneira praticamente automática. Carregada de pré-conceitos e tradições muitas vezes equivocadas ou errôneas, o conhecimento empírico, hodiernamente, é incisivo na formação de um cidadão, sendo de extremo valor quando a sociedade está suficientemente intelectualizada; em outras palavras, a educação empírica para ser proveitosa necessita de uma boa formação da educação institucionalizada.

A educação enquanto processo é um sinônimo de finalidade. E dependendo de sua ação enquanto instrumento - se positivo ou negativo, pode ser válida ou inválida. No caso válido, eu considero a educação como uma formação filosófica relacionada com o conceito de verdade ou coerência científica. Apesar de científico, esse conhecimento coerente não pode desvalorizar a dignidade humana, pois, como somos seres sociais, o respeito mútuo deve obrigatório, ou seja, a educação válida agrega-se à ética. Para explicar melhor a "questão da coerência" é necessário abordar o instrumento inválido. A educação torna-se inválida quando suas raízes estão fincadas em fantasias. Não no sentido utópico como a "República" de Platão, a qual serve de inspiração, mas quando ela extingue o telos, a exemplo das religiões que interpretam erroneamente o cristianismo, ao se agregar questões como "salvação" ou "punição" como recompensa de se fazer o bem.

Para mim, a educação deve, necessariamente, ser institucionalizada. Entretanto, não a fim de reproduzir o conhecimento da elite, mas sim, como um instrumento que possa levar todos a serem filósofos no sentido lírico da palavra: amantes do saber. E com esse saber em mãos (entendendo a ética), a prática e união social seriam indissociáveis e automáticas, pois quando o homem entende o bem, dificilmente produz o mal. Mesmo ambos sendo armas cognitivas produzidas pelos homens em nossa existência puramente niilista (sem significado).

Por Italo Lins

6 comentários:

  1. Bom dia.
    Primeiro gostaria de divagar sobre educação na humanidade, para então depois descer a lenha na educação brasileira.

    Abolição da violência e pregação de auto-controle, isso é o máximo que um ensino institucionalizado pode tentar fazer de forma a preparar o homem para um encontro mais macio com o fato de estar vivendo como causa e efeito dentro de um organismo que é maior que o seu corpo. As leis de regulagens inseridas nesse tipo de educação apresentariam a imediata reação social ao desrespeito do espaço, simples assim, como a natureza sempre nos mostrou, não que para isso tenha de se estabelecer a intocabilidade de um território fixo, ou a idéia de propriedade. A regulagem seria o espaço físico, por exemplo, um raio circular, mas nesse raio a idéia de proteção dos outros em casos em que se presencie a agressão física de um individuo.
    A idéia de amar o próximo como a si mesmo, deve ser aplicada imediatamente, assumindo até mesmo o risco de morrer se por acaso seja vc o agressor físico. Na instituição o ideal seria apenas tornar o homem maior que as palavras e símbolos mortos, e creio que se as palavras não forem acompanhadas da ameaça de violência, não haverá como elas serem "mais fortes", porém, qualquer um que reagir violentamente as pronúncias das palavras, será tolerado até o ponto em que desrespeitar o espaço do outro individuo, e poderá até gritar, contanto que pele não toque pele. A tendência nuclear pode ser vista então como uma introdução ao senso de comunidade sagrada. Isso não é radical, radical é abater frangos pra comer um espetinho de coração. Outro fator importante na instauração da comunidade sagrada seria a escolha de querer ou não informar-se no instituto, pois teríamos que saber que haveriam muitos idolatras que ainda dariam forças as palavras a ponto de estimularem até o desrespeito entre corpos de maneira indireta. Porém, seria uma guerra psicológica de fato, mas e daí, se alguém acha radical, saiba que essa guerra existe há uns dez mil anos. Porém desta vez, a guerra teria essa regra de respeito ao centro portador da palavra. Além de todos saberem dessa vez desde pequeninos, o que tá rolando.
    Não interessa qual mantra esteja sendo cantado, vc teria que revidar com outro mantra.
    Quanto ao Brasil, ahh Brasil, hoje é primeiro de abril, dia bom pra falar de nações,... Collor tentou aplicar uma educação padrão, foi aterrador para algumas pessoas, mas como ele servia a dois deuses, fudeu-se, e vai ver que o padrão dele ia acabar sendo o podrão pra alguns, e é mesmo, pois livro feito pra escola é tudo baseado em investimento na técnica dos futuros funcionários, sem essa de existir tá ligado, existir é coisa pra horas de lazer.
    3% é o que ganha alguém que fale em educação revolucionária, e mesmo esses, um bando de safado que vai colocar a maquina pra trabalhar no próprio quintal. Ou seja, esse lance de escola com sinal na entrada e tudo, é modelo de fabrica, é modelo industrial. É saber andar na fila, pois vc vai ter que enfrentá-la até que consiga enfileirar as pessoas por conta própria, é Brasilzão, futebol e samba, e eu nem sabia que eu era isso. Um dia eu vou aprovar um projeto ai, então todos que quiserem poderes publicos terão que passar por uma reeducação, além de que ao invés do privilégio terão a consciência de que o sacrilégio é bem maior se a fonte da tua renda é o trabalho dos outros :D

    Abraços

    Elielson

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  2. Eu acredito que a educação institucionalizada deveria ir bem além da "abolição da violência" e da "pregação de auto-controle". Acho que, além de proporcionar ao estudante técnicas e aptidões para produção intelectual e social, a educação deveria abrir as portas principalmente para a ética. Mas não uma ética dogmática ou punitiva, assim como visto nas religiões; mas uma ética que mostre o valor real do homem, para que então, através desta forma de conhecimento, haja harmonia social.

    Algo parecido com a questão ética em Levinas, no qual o filósofo tenta mostrar que o "eu" está no "outro". Em outras palavras, que apesar da multiciplidade subjetiva, há o "uno" social. Algo bem diferente do existencialismo de Sartre.

    E somando ao Levinas, o conceito de Vygotsky o qual mostra que a relação educativa deve ter um papel sujeito -> sujeito, ao invés de sujeito -> objeto. Ou seja, tratar pessoas como pessoas, não como materiais de trabalho.

    Mas o meu conflito pessoal se dá no que escrevi ao final do texto: para mim, a vida é um puro devaneio niilista. Então, nessa maré sem sentido, onde o homem pode ter um lugar de respeito? É nesse ponto que eu tento dividir as questões "teóricas subjetivas" das "práticas analíticas", da mesma forma da minha concepção de livre-arbítrio.

    Só pra relembrar, a minha concepção do livre-arbítrio é a seguinte: na teoria ele não existe porque somos apenas o produto (ao mesmo tempo que nos produzimos para o amanhã) das nossas experiências. Entretanto, na prática, é evidente que o livre-arbítrio existe, já que, se "eu quiser", posso desligar o computador, mas caso eu o fizesse, seria algo pré-determinado por mim, anteriormente.

    Abraços.

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  3. A construção social não depende unicamente do ensino institucionalizado, nem a formação depende do acesso a instituição, o que acontece é... a troca se dá com o contato, as instituições podem até abranger possibilidades de contato, mas acontece que assim como a instituição cria uma sensação de encontro de pares, ela causa uma separação com a verdade de fato, pois todas acolhem baseadas em um conjunto de critérios, normas, preceitos que são criados dentro de poucas mentes que sempre acabam subjetivando a manifestação real e própria do individuo, então, seguindo esse pensamento nada a ver,não há uma necessidade pra mim fora essa, pois se fosse pra institucionalizar alguma coisa, seria apenas pra salvar as pessoas delas próprias, e sempre até o ponto em que elas não precisassem da instituição pra mais nada.

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  4. mas ai que tá, isso parte de um ponto de vista que não vê a familia como uma instituição, sagrada tbm por sinal, a familia é biológica, natural, diferente dos clubes onde as pessoas cercam um interesse, enfim, tecnicas que levem ao objeto que interessa. Quanto ao abandono que surge imediatamente quando se pensa nos desertores sociais, pode-se dizer que uma regra fundamental de regulagem social essencial, que atinge todo os parametros do que vive e quer continuar vivendo é: Faça o que vc faria a vc mesmo. que é tudo da lei hiauahiau, agora, isso pode ser dito por qualquer doidão cabeludo e de pé descalço, não necessariamente por doutores da lei. A instituição não te dará a verdade, e toda construção social de fato, não só parte do individuo, como tbm recebe forte oposição da massa que se educa e deseduca nas fundações caducas que se movimentam com base em satisfação social, satisfação essa, muito ligada a uma autodestrutividade, tão caducas que é preciso estar nelas pra se apontar os erros delas. No que se refere a participação social, nunca isso depende de outra coisa a não ser as instituições mentais do individuo, que podem ver na instituição o melhor caminho para contruição social, que é meu caso até, eu tenho minhas instituições, mas delas eu vejo o que posso fazer para inutilizar tudo que despotencialize o ser humano para a concepção real do que gera a relação entre as pessoas e o mais importante: o lugar em que estamos interagindo, tipo, cara, que lugar é esse?
    Ao contato com pares o ser humano foge da necessidade de observação 360 graus, foge de si, da verdade, e tudo que parece uma força, uma fixação, enfim, todo contato passa a ser exclusivamente um suprimento de carências do que outrora o ser humano fugiu, bem, o que não é ruim se não se transforma unicamente num suprimento de carências, pois vejamos, sem instituição, porém com troca de idéias de maneira respeitosa, vai se dissolvendo essa idéia de educação como coisa inserida, pois a idéia de aprender estaria de uma vez por todas ligada ao conhecer-se, e o amor tbm não teria essa conotação de sublimação, tipo, ou encara-se o mistério, ou encara-se o mistério, sem essa de criar um estória ou intuito digno de esforço obrigatório pra juntar cabeças que fugindo de silas vão para caribdes. A recorrência ao mito e qualquer coisa que explique imediatamente o motivo pelo qual vc está sofrendo, bem, esse vai ser o motivo de vc estar sofrendo, daí caindo no paradigma, vai ficar pensando que a valvula que se topa adotar, além de imaginária, é responsavel pelos caminhos que a imaginação percorre.

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  5. As familias que criaram algum sentido de vida social, antecedem academias, e qualquer doutrina, então se uma ciência cresce dentro de um ambiente natural, ela é natural, mesmo que acolhida de uma experiência que não foi natural, porém se todos nos respeitassemos como uma familia, as coisas iriam se ajustando normalmente, e toda preocupação social se confundiria com instinto creio eu, pois natural tbm seria a noção de uma vida melhor enquanto tudo estivesse vivendo sem interferência.
    Uma coisa que se instalou na filosofia tragica é essa idéia de que há uma luta pra se conseguir evoluir, não meeeesmo, nunca luta, pq adaptação tem que ser luta? Pq adaptação não pode simplesmente ser ação conjunta? Pois toda nossa inteligência nasce de uma observação da natureza, isso deve ser no minimo um toque de que a natureza é inteligente pra si e de seu modo, e se a gente quer participar dela, temos que ver qual é a dela, e não ficar apartando uma natureza unicamente humana que vá ter que lutar para conviver com a natureza da qual se separou através de instituições que suporam conforto na inação ou em uma serie de avanços baseados no fato de que apenas um grupo especifico de pesquisadores ou sabios que subam em seus degraus muito loucos possam acessar e administrar. Então o fato pra mim é que se familia for vista como natureza social, nem de instituição pra conter ser humano em si a humanidade iria precisar, e com certeza o lider velhão de uma sociedade pacifica ia ser o cara mais quente, e quem fugisse da paz do cara sem ver a contraprova da paz em que vive, com certeza só estaria dando inicio a um novo ciclo de odio e tal, complicado.
    Não fugindo tbm de nosso papel animal, e se for pra gostar de modelos sociais que sejam os melhores pais e os melhores trabalhadores, e pai não é tirar xerox, é fazer aquele papel lá, de conter as crias, e trabalhador não é o cara que se mata doze horas por dia, mas aquele que cumpre as suas cinco horas por dia sem reclamar. e sem enrolar acima de tudo! Esse é o reconhecimento como humano, isso é toda dignidade humana, agora, se as crianças quiserem brincar de fazer foguetes pra mandar pra outros planetas, é lógico que o negócio vai ficar melhor. Baita papel social seria ser. E quanto a escolher ou não, tudo vai ser ilimitado pelo respeito, o destino é respeito se a gente quiser ter um, e a escolha é o respeito se a gente quiser ter uma.

    Abraço

    Elielson

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  6. Eu concordo plenamente quando tu diz que a educação deveria ser institucionalizada. Entretanto, eu tenho medo do que isso possa significar. Todas as instituições acabam por se burocratizar, engessar, e começar a apodrecer de dentro pra fora - ou não é assim que tá o nosso sistema de educação?

    A educação precisa de uma reforma imediata, mas precisa manter em vista que as coisas continuam numa mutação contínua. Mudar apenas agora, nao vai ser suficiente, muito menos definitivo.

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