11 de fevereiro de 2010

Monsieur COK


Monsieur COK é um curta de origem francesa, produzido pela Train-Train e Papy3D, que aborda de maneira grotesca temas que traduzem a sociedade contemporânea. Globalização, mecanização do homem, humanização da máquina, indiferença frente à vida humana, idolatria de falsos personagens, crise do capitalismo, armamentos produzidos à custa e contra a própria população, dentre outros inúmeros temas que o seu poder hermenêutico pode identificar estão presentes na animação.

Não tenha medo de dar asas à sua imaginação e traga mais uma interpretação desse belíssimo - se é que cabe tal palavra - curta.

Por Italo Lins

5 comentários:

  1. Gostaria de expor aqui minha crítica quanto ao curta exposto.
    Primeiro ponto: acredito sim que o sistema "capitalista selvagem", não seja o melhor modo de garantir a perpetuação e sucesso da sociedade humana. Creio que o atual sistema diminui a capacidade intelectual do ser humano, desviando-a para objetivos mais supérfluos além de contribuir para a degradação do planeta a um rítmo exarcebado. Contudo, sejamos sinceros, gostamos de coisas supérfluas.
    Segundo: não acredito que o sistema capitalista seja tão burro a ponto de tratarem as pessoas como máquinas, já que particularmente creio que tal sistema está baseado pela busca do bem-estar do ser humano, já que, pessoas com problemas, não praticam o "comércio", essencial para o sucesso deste sistema.
    Terceiro: o operário que segura uma foice e um martelo em suas mãos, cria uma clara alusão de que o sistema comunista/socialista (não entrarei em discussões quanto à diferença destes)seria uma melhor alternativa ao capitalismo. Porém acredito que o sistema comunista/socialista criaria mais "robôs" que o sistema capitalista, já que existiria (principalmente na vertente socialista) uma grande massa de iguais. E cá para nós, os seres humanos não foram criados para serem iguais, eu não me pareço com você e nem gostaria que assim fosse (em todos os termos, social, racial, que seja), nós gostamos dessa individualidade, gostamos de nos sentir únicos (talvez fruto do iluminismo, mas que agora se tornou um caminho irreversível).
    Contudo, acredito que exista sim uma alternativa para este sistema capitalista, e creio que esteja mais próximo de uma questão que tem estado muito em tona nos dias atuais, o chamado Desenvolvimento Sustentável. Claro, trazendo tal conceito para todas as áreas da sociedade humana e não somente relacionando tal conceito à área ambiental.
    Bem, minha opinião.

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  2. Franciso, seja bem-vindo ao blog e logo de cara digo que é admirável a sua visão. Entretanto, eu concordo apenas com a sua terceira argumentação e a sua conclusão.

    Na verdade, no primeiro argumento, só discordo da sentença final na qual você disse que "Contudo, sejamos sinceros, gostamos de coisas supérfluas". E a minha resposta se dá com uma pergunta: "até que ponto nós gostamos de fato ou somos induzidos a gostar?". Como você disse no terceiro argumento que nós não somos iguais e nem deveríamos ser, eu creio que posso dizer que tenho uma certa aversão à cultura "pop" que rodeia o nosso mundo. E sim, o meu objetivo é evitar os supérfluos e tentar reconhecer meu verdadeiro eu. Por mais que sim, certas pessoas gostam disso, mas a questão é a pergunta que levantei.

    Já no segundo, eu não acredito que o sistema caiptalista esteja voltado ao bem-estar social. Tanto que eu acredito na premissa hobbesiana de que "o homem é o lobo do homem". Apenas acho que o bem-estar social está agregado a um bem-estar dos meios de consumo; é uma questão de inter-dependência. Acho que para tanto, o documentário "A História das Cosias" (que está postado no blog com o título de "A Crise do Sistema de Consumo") é uma bom pedido.

    E com o terceiro eu concordo plenamente. Mas plenamente mesmo. E sim, eu havia reparado que o trabalhador tinha mostrado o martelo e a foice, mas não creio em absoluto que o socialismo poderia nos trazer algo melhor que o capitalismo. Tanto que pra mim, o problema do capitalismo não é a desigualdade social, mas sim, como você mesmo falou, uma questão de "mínimo aceitável" - além da deprevação intelectual. A pobreza pode até continuar a existir, mas a miséria é um absurdo.

    Respeito sua opinião, e é sempre bom ver comentários coerentes.

    Um abraço.

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  3. Italo Lins, curso Relações Internacionais e tenho uma matéria intitulada Economia Política Internacional, e inacreditavelmente (ou não – as coincidências me perseguem e não) tive uma aula justamente sobre as diferenças entre os sistemas marxista, capitalista e outro baseado na busca pela segurança (desculpe mas não sei o nome da bibliografia que ele utilizou). Enfim, tive uma ótima discussão com o professor e os outros alunos e percebi que estava um pouco enganado quanto a liberdade que o sistema capitalista proporciona aos indivíduos. Acredito que apenas olhei para a liberdade econômica que tal sistema impõe.
    Meu professor expôs um diagrama muito interessante, indicando as prioridades de cada sistema:

    Capitalismo
    1º: Riqueza,
    2º: Segurança/liberdade,
    3º: Justiça.

    E quando ele começou a explicar ficou muito claro para mim que a liberdade,segurança e justiça, só são obtidos, nesse sistema, mediante o nível de riqueza, tanto do indivíduo quanto do Estado. O Estado só consegue garantir estes três elementos, ou melhor, consegue garantir de maneira menos desigual, somente mediante o nível de riqueza deste e da mesma maneira o indivíduo em relação a si próprio. É justamente o que você disse: “o bem-estar social está agregado a um bem-estar dos meios de consumo”.
    Já o sistema marxista foi exposto da seguinte maneira:

    Marxismo
    1º: Justiça/Liberdade
    2º: Riqueza
    3º: Segurança

    Este sistema, claramente expõe que a justiça e liberdade, estão em primeiro plano, já que garantiria estudo, moradia e outras coisas aos indivíduos, coisa que o capitalismo atual tenta garantir mas não consegue. Contudo, ainda acredito que esse sistema não seria de modo algum muito diferente do capitalismo, já que ainda assim existiria diferenças sociais (o socialismo com todos realmente iguais, soa para mim, um tanto utópico). Além disso não garantiria uma certa individualidade (esse é meu argumento central).
    E sim, concordo com você que a miséria é deplorável e há de se ter um mínimo aceitável para que, nós seres humanos, possamos viver com uma certa dignidade. E quanto aos supérfluos, eu, como você, busco me conhecer melhor, contudo ainda gosto de me sentar em uma mesa de bar, beber uma cerveja quando eu estiver com vontade e porque não assistir a um BBB, coisas supérfluas, mas que porém ajudam a nós afastar de nós mesmos quando necessário (processo necessário para nos conhecer melhor). =D
    Italo, parabéns pelo blog, os assuntos que você aborda são muito interessantes e a maneira como você os conduz os torna ainda mais geniais. Inclusive o jogo Machinamarium é muito bom! Juntamente como o blog “Saindo da Matrix” (que vem perdendo um pouco de qualidade nos últimos tempos) o seu blog é um que venho acompanhando regularmente quanto procuro assuntos que me façam pensar. Para os outros assuntos existe sempre um Kibe Loco da vida por aí.

    Grande abraço.

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  4. Realmente muito bem esquematizada a sua explicação sobre ambos sistemas econômicos. Entretanto, o meu pensamento é que na teoria qualquer sistema econômico (ou não) é perfeito - tanto que, se fosse para vivermos de utopias, eu me declararia anarquista -, mas a problemática está na prática.

    E para tanto, eu tenho que me perguntar qual é a essência do homem, algo que de fato, mais uma vez, é só teoria. Não sei se Rousseau estava com a razão ao dizer que "o homem é corrompido pelo meio" ou se Hobbes na frase a qual citei afirmava que o homem é realmente perverso ou se Agostinho estava coerente ao dizer que uma das funções do cristianismo é a de controlar a ética social. E mesmo se todos estiverem corretos, será que é só a teoria? Será que é só prática? A questão é o equilíbrio.

    E para tanto, eu acredito que a educação - na verdade, a ética - seja o instrumento líder. Não precisamos ser iguais, nem ricos ou pobres, mas sim respeitar os diversos estilos de vida sempre com um foco de respeito da figura humana. Por mais que eu acredite que somos apenas animais em lutando por sobrevivência.

    Para mim, até a data de hoje (25 de fevereiro de 2010), a essência do homem é a de negar a sua própria essência (algo como o vídeo "Dancem, macacos, dancem" que você pode encontrar no youtube). Mas que para tanto, tem que haver esse "mínimo aceitável".

    E muito obrigado pelos elogios, Francisco! Qualquer coisa, é só criticar, dar seu ponto de vista ou acrescentar algo não dito. E garantimos aqui que o conteúdo do blog não será corrompido, tanto que foi a própria corrupção de um grande blog que nos fez ter essa voz na internet.

    Um abraço!

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